2009-09-19

De collants. Quando alguém assume uma identidade de uma personagem do passado, está necessariamente a assumir as características que essa personagem representa. Quem se assume como D'artagnan está, portanto, a assumir-se como defensor do despotismo puro, do poder instalado, da realeza absoluta, do Rei-Sol, do luxo do palácio de Versalhes, da moda do uso de elaboradas perucas, do L'État C'est Moi. Quando alguém assume a identidade de uma personagem do passado, tem que saber o que essa personagem significa. Dado o caso, a similitude não podia ser maior (principalmente no L'État C'est Moi, pelas declarações proclamadas pelo maestro da laranjada, sem o qual, um Não-Estado de Direito, não consegue governar). O Dartagnam é, pois, um D'Artagnan mas dos tempos modernos. Não é um Robin Hood: é antes uma espécie de ex-gestapo que, por só cumprir ordens vindas de cima, se vai considerar, no final, como apenas uma vítima dessas mesmas ordens.

Dartacão sempre me pareceu uma espécie de frustrado perseguidor de louras indefesas. Como já disse, se há coisa que não gosto é de cães amaestrados. Para amaestrados, prefiro os ursos.

Tello de Menezes.

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