2009-08-14

Comentário à política em Ourém, iii.

Entrevista de Vítor Frazão, qual espécie de enteado, ao Jornal de Ourém:

1) (sobre Silva Lopes ter dito que Ourém caiu no grupo dos que são administrados por gente incompetente) "... nem sequer viu os documentos disponíveis na internet sobre a prestação de contas do município, pode fazer uma afirmação dessas." - Bem, não é preciso ser um génio para ver as contas do município e chegar mais longe do que a conclusão a que o Sérgio Faria chegou. Mais do que gente incompetente, o que vai na Câmara de Ourém é ainda mais do que um cambalacho.

2) (sobre a localização do novo edifício do Paços do Concelho) " Que eu saiba, o problema com este edifício vem da sua localização e não do edifício em si. O despesismo a que se referem tem a ver com a derrapagem que sofreu o orçamento inicial desta obra." - Então sempre admite que houve realmente derrapagem, derrapagem que é justificativa do tal despesismo. Estamos para ver as contas finais, que como é óbvio só estão para ser apresentadas depois das eleições.

3) (sobre se a Câmara de Ourém tem sido prejudicada pelo governo) "O Governo poderia ajudar-nos muito mais." - Pois, porque o tão apregoado "Nós cumprimos" acerca da rede social, cantinas, etc, nos cartazes nem foi por obrigação do governo, e com fundos por ele dados. Lá está o tal mandamento de proibição de coisa alheia. Não devia também estar previsto na lei eleitoral?

4) (sobre o apoio que sente dos oureenses) " Onde quer que vá sinto o apoio e carinho dos oureenses, pois reconhecem a minha e a nossa capacidade de empenho, proxao Povo e, em especial, admiram a obra feita pelo PSD. Mesmo assim, 'nunca baixarei os braços'." - Em primeiro lugar, pensava que a câmara não era só PSD, mas também PS (ele próprio afirma "O actual executivo camarário, que se saiba, é composto por 7 elementos dos quais 3 são do PS" e que "mais de 90% dessas deliberações têm sido decididas por unanimidade pelo que também atinge os elementos do PS" - lá está o que é e o que deixa de ser; nalgumas coisas é uns; noutras é outros - e depois são os tipos do bloco que deixam de ser tudo para fingirem serem tudo); em segundo lugar, das primeiras coisas que me ensinaram na faculdade foi nunca se falar em povo, mas em cidadãos; em terceiro lugar, admirar a obra feita pelo PSD?, onde?. Por último, mesmo assim não baixarei os braços, é sinal, ao dizer isto, que alguma coisa não vai bem. Se fosse tudo bem, não era preciso nem baixar os braços, nem erguê-los, nem arregaçar as mangas, nem deixar a expressão que exprime a sempre insegurança e de não se saber bem o que dizer, de que não se vão baixar os braços.

5) (sobre as prioridades para o concelho de Ourém)
5.1) "A rede viária e as acessibilidades merecerão, da nossa parte, especial preocupação, pelo que seremos intrasigentes na defesa dos nós do IC9 em Ourém e Fátima e pugnaremos por reduzir as assimetrias com o interior do concelho." Para além de não especificar como vai pugnar pelos nós do IC9 e como pretende diminuir as assimetrias no concelho, deixa a entender que é um encargo lutar pela defesa dos nós do IC9, quando isso deveria ser apenas uma coisa natural e óbvia.
5.2) "Lutaremos, incessamtemente por um melhor sistema de Saúde, pela garantia de Segurança dos nossos cidadãos e por uma Justiça mais equitativa e social." Para já estes parecem-me desígnios constitucionais e pelos quais qualquer governante está adstricto; posto isto, parece-me que os governantes que mais competências têm para tal são os respectivos ministros, e não o presidente de Câmara (na polémica dos fechos das urgências tal foi notório); por último, mais uma vez, não como nem para onde; sei eu que vou montar uma banca de venda de armas, com tanta pugnação e luta insistente.
5.3) "Serão ainda alvos do nosso interesse permanente a Juventude e as novas tecnologias, bem como o Urbanismo e o Ordenamento do Território (com a revisão do PDM e Planos Gerais de Urbanização de Ourém e Fátima) e a execução de planos de pormenor de zonas industriais." - Muito bem: tudo muito vago, não diz nem em que moldes, nem com que objectivos\critérios.
5.4) "Finalmente não esqueceremos a importância que os transportes e a Protecção Civil têm na defesa da nossa comunidade, bem como a Cultura, o Desporto e os Tempos Livres." - Para rematar, tudo é prioridade geral, e o que se quer, mais uma vez, é que os cidadãos do concelho, o tal Povo, passe um cheque em branco. Fica tudo na mesma, a alguém há-de aproveitar (?). Ou será que já estamos fartos disso?

O homem, armado em espécie de enteado, já se havia definido a si mesmo: "Tenho um conhecimento geral específico da matéria". Daí não passa; daí não passará o concelho com ele.

Tello de Menezes.

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